Ágil: Benefícios, Valores Essenciais e Estruturas de Trabalho

O que é Ágil?

Ágil é um conjunto de abordagens iterativas para o gerenciamento de projetos e desenvolvimento de software que se concentra na divisão do processo em fases repetitivas, priorizando flexibilidade, adaptabilidade e satisfação do cliente. A metodologia Ágil tem como objetivo fornecer produtos ou serviços de alta qualidade em ambientes dinâmicos e de rápidas mudanças.

Embora existam várias variantes da metodologia Ágil, todas compartilham temas comuns, como entrega rápida e contínua de produtos, colaboração, feedback frequente e aceitação de mudanças. Elas também promovem equipes auto-organizadas, capacitam os indivíduos e estimulam a comunicação transparente. Iniciado no contexto do desenvolvimento de software na década de 1990, o Ágil evoluiu desde então para uma abordagem de gerenciamento de projetos amplamente adotada, especialmente em ambientes orientados para o conhecimento.

Como o uso do Ágil afeta um processo de entrega de software ou produto?

• Colaboração aprimorada da equipe: O Ágil promove equipes altamente adaptáveis, que podem responder eficazmente às necessidades dos clientes.
• Entrega mais rápida do produto: A produção iterativa e os ciclos de feedback aceleram a entrega do produto.
• Colaboração mais próxima com as partes interessadas: As estruturas Ágeis incentivam lotes menores de retrabalho necessário por meio do envolvimento ativo e da colaboração com as partes interessadas.

Quais são os principais valores do Ágil?

O cerne de todas as estruturas Ágeis foi definido em 2001 com o Manifesto Ágil, um conjunto de princípios para o desenvolvimento de software focado na criação eficiente de códigos, colaboração e entrega de valor aos clientes.
O Manifesto nomeia quatro valores:

• Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas
  Esse valor enfatiza a importância das pessoas e da comunicação em um projeto. Portanto, o foco deve ser capacitar e permitir que os indivíduos colaborem de forma eficaz. Embora os processos e as ferramentas sejam importantes, eles devem servir como auxílio e não como obstáculo. As empresas devem fomentar a comunicação aberta, incentivar interações face a face e promover o trabalho em equipe.

• Software em funcionamento mais que documentação abrangente
  O Manifesto enfatiza a importância de fornecer resultados tangíveis, como um produto de software funcional, em vez de se perder em documentação excessiva. Isso não significa que a documentação não tenha importância, mas sim que ela deve ser concisa, relevante e apoiar o processo de desenvolvimento, sem dominá-lo. Isso implica colocar a criação de software funcional em primeiro plano, realizar testes frequentes e concentrar-se em entregar valor ao cliente.

• Colaboração com o cliente mais que negociação de contratos
  Isso enfatiza a necessidade de envolvimento ativo do cliente e colaboração ao longo de todo o processo de desenvolvimento. Em vez de depender apenas de contratos detalhados, o Agile promove uma interação constante com os clientes para entender suas necessidades, obter feedback e garantir que o produto atenda às suas expectativas. Envolva os clientes em discussões regulares, realize testes com usuários e sessões de feedback, e faça iterações com base nas opiniões dos clientes.

• Responder a mudanças mais que seguir um plano
  A mudança é inevitável, portanto, em vez de seguir rigidamente um plano fixo, é fundamental ser adaptável e responsivo. Isso significa estar aberto ao feedback, aceitar a mudança como parte natural do processo de desenvolvimento e ajustar continuamente os planos e as prioridades. Na prática, isso é feito por meio da revisão e adaptação regulares da direção do projeto e da disposição para fazer correções de curso com base em novas informações.

Como forma de esclarecimento adicional, os autores do Manifesto Ágil também estabeleceram os seguintes princípios:

12 Princípios do Manifesto Ágil, fonte: agilemanifesto.org/iso/ptbr/principles.html

Quais são alguns dos métodos Ágeis mais populares?

• Scrum
  Na estrutura do Scrum, o membro da equipe que exerce a função de proprietário do produto lista todas as tarefas no backlog do produto. Algumas dessas tarefas no backlog dividem o projeto em iterações curtas, chamadas sprints, geralmente com duração de duas a quatro semanas. A equipe executa o conjunto designado de tarefas priorizadas durante cada sprint e realiza reuniões diárias chamadas stand-ups para avaliar o progresso, juntamente com o Scrum Master, que supervisiona o trabalho. Após cada sprint, a equipe deve ter uma versão funcional do produto para demonstrar ou entregar ao cliente. Além disso, a equipe realiza uma reunião de retrospectiva para avaliar os problemas encontrados e tirar conclusões para o próximo sprint. Um dos melhores aspectos do uso do Scrum é a motivação da equipe, proporcionada pelo foco no final de cada sprint. Isso ajuda a manter um bom moral e limita o impacto de bugs no projeto. No entanto, o curto período de cada sprint também pode ser uma desvantagem, pois pode restringir a compreensão e a visão da equipe sobre o objetivo mais amplo do produto.
  O Scrum é mais adequado para equipes pequenas, que têm a capacidade de mudar rapidamente de direção e abordagem.

• Kanban
  O método Kanban destaca a visualização do fluxo de trabalho e a limitação do trabalho em andamento (WIP). As tarefas são representadas como cartões em um quadro Kanban, acessível a todos os membros da equipe, que as movem por diferentes estágios, como backlog, em andamento, revisão e concluído. As etapas de execução devem ter um limite no número de tarefas abertas, permitindo que a equipe se concentre totalmente no trabalho iniciado, em vez de tentar realizar várias tarefas ao mesmo tempo, o que prejudica o foco e a dedicação.
  O Kanban se concentra na entrega contínua e incentiva as equipes a otimizar o fluxo de trabalho sempre que possível. Seus principais benefícios incluem o fim da multitarefa, a possibilidade de realizar entregas contínuas, prazos de entrega mais curtos, além de proporcionar total transparência do processo e do projeto.
  Como a estrutura Kanban exige poucos requisitos em termos de fluxo de processo e estrutura de equipe, ela pode ser aplicada a praticamente qualquer processo comercial.

• Desenvolvimento Lean
  Traduzido diretamente do mundo da manufatura para o desenvolvimento de software, o Lean busca minimizar desperdícios e maximizar a entrega de valor ao cliente. Ele enfatiza a eliminação de atividades que não agregam valor, a simplificação de processos para acelerar a entrega e o aprimoramento contínuo da eficiência. O desenvolvimento de software Lean exige a remoção de todos os elementos e ações desnecessários, com o objetivo de agilizar o processo e reduzir custos.
  Os princípios do Lean geralmente representam o primeiro passo que as equipes dão para implementar um processo ágil e podem ser facilmente combinados com outras estruturas Ágeis

• Programação Extrema (XP)
  O XP valoriza ainda mais o feedback e a satisfação do cliente, concentrando-se em soluções simples que atendam às necessidades do cliente e possam ser entregues rapidamente e com sucesso. Para alcançar software de alta qualidade, os praticantes do Programação Extrema utilizam práticas como integração contínua, desenvolvimento orientado por testes, programação em pares e lançamentos frequentes. Um diferencial do XP é o foco em testar o código desde o início, o que reduz significativamente as falhas nos produtos entregues.
  O XP é ideal para equipes co-localizadas e promove um ambiente de trabalho dinâmico e altamente motivador. Uma possível desvantagem do Programação Extrema é seu foco predominante no código, o que pode levar a uma menor prioridade ou até à negligência de elementos como design e experiência do usuário.

• Feature Driven Development (FDD),
  ou Desenvolvimento Dirigido por Funcionalidades
  Como o nome sugere, esse método adapta o processo aos recursos específicos do software ou a elementos mais amplos do projeto, como histórias de usuários, nas quais a equipe está trabalhando. Seja no desenvolvimento de software ou em outro processo comercial, o foco do FDD está em compreender o domínio específico, suas características e necessidades. Semelhante a outras abordagens ágeis, o FDD valoriza o feedback do cliente e apoia entregas iterativas e frequentes. O trabalho geralmente segue uma sequência estruturada: criação de um modelo geral, elaboração de uma lista de recursos, planejamento por recurso, design por recurso e, finalmente, implementação por recurso.
  O principal atrativo do FDD é sua capacidade de acelerar o trabalho e identificar erros rapidamente, permitindo que as equipes entreguem produtos com frequência e com mínimos problemas. A natureza centrada em recursos do FDD torna essa abordagem viável para equipes com uma hierarquia definida, permitindo que cada membro planeje em quais elementos trabalhará a seguir. Além disso, ela é mais adequada para projetos de longa duração, pois ajuda a reduzir o foco, concentrando-se em recursos específicos de cada vez, enquanto mantém o progresso contínuo.

• Crystal
  O Crystal é uma estrutura Ágil um pouco diferente das demais. Por quê? Ele deixa a escolha do processo a cargo da própria equipe, baseando-se na crença de que a interação específica entre os membros é o que torna a equipe valiosa e bem-sucedida. Assim, o Crystal funciona mais como uma receita para configurar processos personalizados para equipes específicas, em vez de oferecer uma solução única para todos. Ele permite que os indivíduos escolham como devem trabalhar, o que, claro, exige um alto nível de habilidades de comunicação entre todos os envolvidos. Como resultado, o Crystal adota alguns princípios distintos, como Pessoas, Interações, Comunidade, Habilidades, Talento e Comunicação, além de ter variações baseadas no tamanho da equipe.
  Um elemento do Crystal que pode consumir um pouco de tempo é o delineamento do processo para um projeto específico, o que pode desviar tempo e energia que muitos argumentariam que poderiam ser usados em programação e testes. No entanto, trata-se de um método Ágil altamente centrado no ser humano, que valoriza ao máximo as habilidades e a capacidade das pessoas de interagir com sucesso sob sua própria orientação. Embora possa não ser adequado para equipes de software novas e inexperientes, tem um grande potencial para grupos fortes e coesos.

Escolhendo o método Ágil certo para você

Como você pode observar, diferentes estruturas Ágeis são mais adequadas a diferentes necessidades e tipos de equipes. Fatores como o tamanho da equipe, a experiência, a localização e o nível de camaradagem, o tipo de produto e o seu ciclo de vida influenciam quais métodos serão eficazes. Outros fatores também podem ser determinantes; por exemplo, alguns setores exigem que as equipes sigam diretrizes específicas de fluxo de trabalho e procedimentos operacionais, o que pode restringir a escolha do método de gerenciamento.

Uma maneira simples de começar para qualquer equipe que queira adotar o Agile é alinhar seu processo atual com os princípios básicos do Lean e, ao mesmo tempo, visualizar o processo utilizando Kanban ou Srcumban, um híbrido de Scrum e Kanban.
Porque, independentemente da estrutura escolhida, trabalhar com Agile significa seguir valores específicos, em vez de se apegar a um conjunto rígido de regras.
As diretrizes orientadas pelos valores compartilhados por todas as estruturas Ágil são:

• Desenvolvimento iterativo com prazos definidos,
• Comunicação intensa dentro da equipe e com o cliente,
• Busca constante por maneiras de melhorar o processo.

Resumindo, o Ágil se destaca em ambientes dinâmicos, com o objetivo de entregar rapidamente produtos ou serviços de alta qualidade. O tema comum entre todas as estruturas ágeis inclui a entrega rápida, a colaboração, o feedback frequente e a aceitação de mudanças. O Ágil capacita os indivíduos, estimula a comunicação transparente e promove equipes auto-organizadas. Dessa forma, ele ajudará a atingir suas metas com mais eficiência e permitirá que sua equipe compreenda melhor o processo que orienta seu trabalho.